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01.01 Som e Fonema

Nem todos os sons que pronunciamos em português têm o mesmo valor no funcionamento da nossa língua.

Alguns servem para diferenciar vocábulos que no mais se identificam.

Por exemplo, em:
erro /ê/ almoço /ô/ (substantivos)
erro /é/ almoço /ó/ (verbos)
a diversidade de timbre da vogal é suficiente para estabelecer uma oposição entre substantivo e verbo.


Na série:

cato pato tato chato
gato bato dato jato
temos oito vocábulos que se distinguem apenas pelo elemento consonântico inicial.

Todo som capaz de estabelecer uma distinção de significado entre dois vocábulos de uma língua é a realização física de um fonema.


São, pois, fonemas, as vogais e as consoantes, diferenciadores dos vocábulos antes mencionados.


Fonema e variante


Na produção da fala, o mesmo fonema costuma realizar-se com múltiplas variações que não impedem a identificação da palavra em que aparecem, podendo essas variações serem de natureza individual, social, regional ou contextual.

Aos vários sons que realizam um mesmo fonema dá-se o nome de variantes ou alofones.


Ninguém ignora, por exemplo, que o /l/ final de sílaba é no Brasil muito instável. Num vocábulo como animal podemos ouvir a consoante em matizadas articulações que vão desde a característica maneira gaúcha até a forma identificada à semivogal [w], de vastas regiões do país, sem falarmos na sua frequente perda, em áreas do interior.

Por outro lado, se compararmos, por exemplo, os vocábulos

tia toa tua
sentimos que eles se diferenciam apenas pela vogal interna:

/i/ /o/ /u/

Se, no entanto, observarmos com atenção a pronúncia da consoante na forma tia, de um lado, e em toa e tua, de outro, percebemos que o /t/ da primeira é emitido, na pronúncia do Rio de Janeiro, como [tch], à semelhança do som inicial do vocábulo tcheco, por influência da vogal /i/.