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08.06 Funções Sintáticas do Adjetivo

A rigor, o adjetivo só existe referido a um substantivo. Conforme se estabeleça a relação entre os dois termos na frase, o adjetivo desempenhará a função sintática de adjunto adnominal ou de predicativo.

A diferença entre o adjetivo em função de adjunto adnominal e o adjetivo em função de predicativo baseia-se, principalmente, em dois pontos:

  • 1º) O primeiro é termo acessório da oração, parte de um termo essencial ou integrante dela; o segundo é, por si próprio, um termo essencial da oração.
  • Se disséssemos, por exemplo:

        O campo é imenso,

    o adjetivo predicativo não poderia faltar, pois, sendo termo essencial, sem ele a oração não teria sentido.


    Se disséssemos, no entanto:

        O campo imenso está alagado,

    O adjetivo imenso seria parte do sujeito, uma dispensável qualificação do substantivo que lhe serve de núcleo, um termo, portanto, acessório da oração.

  • 2º) A qualidade expressa por um adjetivo em função predicativa vem marcada no tempo, e por essa relação cronológica entre a qualidade e o ser é responsável o verbo que liga o adjetivo ao substantivo. Comparem-se estas frases:

  •     O bom aluno estuda.
        Ele está nervoso, mas era calmo.

Na primeira, acrescentamos a noção de bom à de aluno sem termos em mente qualquer referência à ideia de tempo. Já na segunda, as noções expressas pelos adjetivos nervoso e calmo são por nós atribuídas ao sujeito com a situação de tempo marcada pelo verbo: nervoso, no presente; calmo, no passado.

Emprego adverbial do adjetivo

  • 1. Examinemos as seguintes orações:

    • O menino dorme tranquilo.
    • A menina dorme tranquila.
    • Os meninos dormem tranquilos.
    • As meninas dormem tranquilas.

Vemos que, nelas, o adjetivo em função predicativa concorda em gênero e número com o substantivo sujeito. Nas construções abaixo, o adjetivo assume a forma adverbial, pelo acréscimo do sufixo -mente, fazendo referência ao verbo.

Esse valor naturalmente será o preponderante se, em lugar daquelas construções, usarmos as seguintes:

  • O menino dorme tranquilamente.
  • A menina dorme tranquilamente.
  • Os meninos dormem tranquilamente.
  • As meninas dormem tranquilamente.

Aqui, a forma adverbial, invariável, impede a possibilidade de concordância, justamente o elo que prendia o adjetivo ao sujeito, e, com isso, faz aflorar com toda a nitidez o modo por que se processa a ação indicada pelo verbo dormir.

  • 2. Está hoje generalizada, no entanto, a adverbialização do adjetivo, sem o acréscimo do sufixo -mente.
  • Por exemplo, nestas orações:

    • Alice fala baixo.
    • A fazenda custou caro.
    • Vamos falar claro.

As palavras baixo, caro e claro são advérbios, razão por que ficam invariáveis.

Colocação do adjetivo adjunto nominal

  • 1. Sabemos que, na oração declarativa, prepondera a ordem direta, que corresponde à sequência progressiva do enunciado lógico.
  • Como elemento acessório da oração, o adjetivo em função de adjunto adnominal deverá, portanto, vir com maior frequência depois do substantivo que ele qualifica.


  • 2. Mas sabemos, também, que ao nosso idioma não repugna a ordem chamada inversa, principalmente nas formas afetivas da linguagem e que a anteposição de um termo é, de regra, uma forma de realçá-lo.

  • 3. Podemos, então, estabelecer previamente que:
    • a) sendo a sequência substantivo + adjetivo a predominante no enunciado lógico, deriva daí a noção de que o adjetivo posposto possui valor objetivo:
      • noite escura
      • dia triste
    • b) sendo a sequência adjetivo + substantivo provocada pela ênfase dada ao qualificativo, decorre daí a noção de que, anteposto, o adjetivo assume um valor subjetivo:
      • escura noite
      • triste dia