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01.04 Classificação das Vogais

Segundo a classificação de base fundamentalmente articulatória, as vogais da língua portuguesa podem ser:

  • a) quanto à zona de articulação:
    • anteriores ou palatais
    • centrais
    • posteriores ou velares
  • b) quanto ao grau de abertura:
    • abertas
    • semiabertas
    • semifechadas
    • fechadas
  • c) quanto ao papel das cavidades bucal e nasal:
    • orais
    • nasais



Zona de articulação

As vogais são os sons que se pronunciam com a via bucal livre. Não se deve concluir desta afirmação que seja indiferente para a distinção das vogais o movimento dos diversos órgãos articulatórios. Pelo contrário. Basta avançarmos a língua progressivamente em direção à parte anterior da cavidade bucal ou recuarmo-la em direção à parte posterior dessa cavidade, ou ainda mantê-la numa posição intermediária, para termos séries de vogais diferentes.

No primeiro caso, produzimos a série das vogais anteriores (ou palatais): /é/, /ê/, /i/, //, //.

No segundo caso, a das vogais posteriores (ou velares): /ó/, /ô/, /u/, /õ/, //.

E no terceiro, as vogais centrais: /a/, /ã/.


Grau de abertura


Do ponto de vista articulatório, o grau de abertura é dado pelo movimento de elevação gradual da língua na cavidade bucal, partindo da posição baixa, em direção ao palato duro ou em direção ao palato mole (véu palatino).

Esses movimentos da língua resultam nos diversos timbres vocálicos que dependem, essencialmente, das formas tomadas pelas cavidades faríngea e bucal, que funcionam como tubo de ressonância.

A maior largura do tubo de ressonância, provocada pela língua em posição baixa, produz as vogais chamadas abertas: /a/ e /ã/.

A pequena elevação da língua em direção ao palato (quer duro, quer mole) produz as vogais chamadas semiabertas: /é/, /ó/.

A elevação um pouco maior da língua em direção ao palato, duro ou mole, produz as vogais chamadas semifechadas: /ê/, /ô/, //, /õ/.

A elevação máxima da língua, permitida para a realização de uma vogal, em direção ao palato, produz as vogais chamadas fechadas: /i/, /u/, //, //.


Vogais orais e vogais nasais


Além das sete vogais orais que examinamos — emitidas todas com o véu palatino levantado contra a parede posterior da faringe: /a/, /é/, /ê/, /i/, /ó/, /ô/, /u/ —, possui a nossa língua cinco vogais nasais, em cuja articulação o véu palatino, abaixado, permite que uma parte da corrente expiratória ressoe na cavidade nasal:

/ã/ // // /õ/ //

Em português, as vogais nasais podem empregar-se com fins distintivos. Comparem-se estas palavras:

lã senda linda bomba mundo
lá seda lida boba mudo

Intensidade e acento


Em sílaba tônica, distinguimos as sete vogais orais, como atesta a sequência vocabular:

saco seco seco sico soco soco suco
/a/ /é/ /ê/ /i/ /ó/ /ô/ /u/

Em sílaba átona, anula-se a distinção entre /é/ — /ê/, /ó/ — /ô/, do que resulta um sistema de cinco vogais, mais estável em sílaba pretônica.

lavar pesar pisar corar curar
/a/ /ê/ /i/ /ô/ /u/

Em sílaba átona final, o vocalismo tende a simplificar-se ainda mais pela identificação do timbre das vogais finais /e/ — /i/ e /o/ — /u/. As palavras tarde e povo, por exemplo, soam efetivamente /’tardi/ e /’povu/.


Quadro de classificação das vogais


Levando em conta os três critérios de classificação das vogais adotados, poderíamos apresentar o seguinte quadro:

Zona de Articulação Anteriores Centrais Posteriores
Papel das cavidades Orais Nasais Orais Nasais Orais Nasais
Graus de
Abertura
Fechadas /i/ // /u/ //
Semifechadas /ê/ // /ô/ /õ/
Semiabertas /é/ /ó/
Abertas /a/ /ã/