- Capa
- 01. Fonética e Fonologia
- 02. Ortografia
- 03. Classe, estrutura, formação e significação das palavras
- 04. Derivação e composição
- 05. A oração e seus termos
- 06. Substantivo
- 07. Artigo
- 08. Adjetivo
- 09. Pronomes
- 10. Numerais
-
11. Verbo
- 11.01 Noções Preliminares
- 11.02 Flexões do Verbo
- 11.03 Classificação do Verbo
- 11.04 Conjugações
- 11.05 Tempos Simples
- 11.06 Verbos Auxiliares e o seu Emprego
- 11.07 Conjugação dos Verbos ter, haver, ser e estar
- 11.08 Formação dos Tempos Compostos
- 11.09 Conjugação dos Verbos Irregulares
- 11.10 Verbos de Particípio Irregular
- 11.11 Verbos Abundantes
- 11.12 Verbos Impessoais, Unipessoais e Defectivos
- 11.13 Sintaxe dos Modos e dos Tempos
- 11.14 Concordância Verbal
- 11.15 Regência
- 11.16 Sintaxe do Verbo haver
- 12. Advérbio
- 13. Preposição
- 14. Conjunção
- 15. Interjeição
- 16. O período e sua construção
- 17. Figuras de estilo
- 18. Discurso direto, discurso indireto e discurso indireto livre
- 19. Pontuação
- 20. Noções de versificação
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20.05 Poemas de forma fixa
Há poemas que têm uma forma fixa, isto é, submetida a regras determinadas quanto à combinação dos versos, das rimas ou das estrofes. Assim o soneto, o rondó, o rondel, a balada, o cantoreal, o vilancete, a vilanela, a sextina, o pantum, o haicai e a quadra popular. Dentre eles, merece um comentário particular o soneto por sua longa vitalidade em várias literaturas, inclusive na portuguesa e na brasileira.
O soneto
Há duas variedades de soneto: o soneto italiano e o soneto inglês.
1. Compõe-se o soneto italiano de quatorze versos, geralmente decassílabos ou alexandrinos, agrupados em duas quadras e dois tercetos.
As rimas das quadras são as mesmas. Um par de rimas serve a ambas, segundo um dos dois esquemas: abba-abba, abab-abab.
2. Nos tercetos podem combinar-se duas ou, mais frequentemente, três rimas.
Quando há apenas duas rimas, dispõem-se elas normalmente de forma alternada: cdc-dcd. Se as rimas são três, distribuem-se em geral nos esquemas:
1º) ccd-eed, empregado preferentemente por Florbela Espanca, a exemplo destes tercetos de Languidez:
- Fecho as pálpebras roxas, quase pretas,
- Que pousam sobre duas violetas,
- Asas leves cansadas de voar...
- E a minha boca tem uns beijos mudos...
- E as minhas mãos, uns pálidos veludos,
- Traçam gestos de sonho pelo ar...
2º) cdc-ede, que se documenta nos tercetos de Lar paterno, de Belmiro Braga:
- Serras virentes, que não mais transponho,
- Na retina fiel ainda eu vos tenho,
- E revejo, através de um brando sonho,
- A casa onde nasci, as mansas reses,
- A várzea, o laranjal, a horta, o engenho
- E a cruz onde rezei por tantas vezes...
3º) cde-cde, que aparece nestes tercetos de Zulmira, de Raimundo Correia:
- Não sei porque chorando toda a gente,
- Quando Zulmira se casou, estava:
- Belo era o noivo... que razões havia?
- A mãe e a irmã choravam tristemente;
- Só o pai de Zulmira não chorava...
- E era o pai, afinal, quem mais sofria!
Estas as principais disposições rímicas do soneto italiano, ou seja, da forma tradicional deste breve e afortunado poema.
3. O soneto inglês, modernamente introduzido nas literaturas de língua portuguesa, também consta de quatorze versos, mas distribuídos em três quadras e um dístico final, que se escrevem sem espacejamento. Obedece a um dos dois esquemas:
- a) abab bcbc cdcd ee;
- b) abab cdcd efef gg.
- Aceitar o castigo imerecido,
- Não por fraqueza, mas por altivez.
- No tormento mais fundo o teu gemido
- Trocar num grito de ódio a quem o fez.
- As delícias da carne e pensamento
- Com que o instinto da espécie nos engana
- Sobpor ao generoso sentimento
- De uma afeição mais simplesmente humana.
- Não tremer de esperança nem de espanto.
- Nada pedir nem desejar, senão
- A coragem de ser um novo santo
- Sem fé num mundo além do mundo. E então
- Morrer sem uma lágrima, que a vida
- Não vale a pena e a dor de ser vivida.
Na literatura inglesa, o primeiro tipo é conhecido por soneto spenseriano (spenserian sonnet), por ter sido cultivado inicialmente pelo poeta Edmund Spenser (1552?-1599); o segundo denomina-se soneto shakespeariano (Shakespearean sonnet) ou, simplesmente, soneto inglês (English sonnet) por se haver tornado a forma mais usual do poema desde que dela se serviu o genial dramaturgo nos 154 espécimes do gênero que nos legou.
De Manuel Bandeira é este soneto shakespeariano:
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