adj. || preto; escuro: Negro manto cobrindo e abordoado em nodoso cajado, atravessava Fr. Gil. ( Garrett. ) Os vultos, que os vestidos tão negros que puseram, de luto, tão compridos, não sei que ar lhes deram. (J. de Deus.) || Escuro, sombrio: Em negro boqueirão se abrira a terra. ( Garrett. ) São negras estas arcadas. (Rodrigues Cordeiro.) || Denegrido, requeimado do tempo, do sol: A torre de Caim do outro lado cingia de altas ameias o vulto negro da ermida. ( R. da Silva. ) || Vestido de preto: Mas, padre, se mandássemos alguém adiante a ver se concertava o caso com esses negros monges. ( Garrett. ) || Lutuoso, fúnebre. || Tenebroso, caliginoso: Trevas a face do universo cobrem e os ares negros negro fende o hipogrifo. ( Garrett. ) || Que causa sombra, que traz escuridão; tempestuoso: Pois que chuva e negros ventos me fecham a porta e o dia. ( Tolentino. ) Deixa que a nuvem negra tolde a lua. (J. de Deus.) || Tétrico, horrível: Tive o cruel ânimo de explicar a tua avó as negras circunstâncias daquela morte. (Garrett.) || Infausto, que anuncia infortúnios: O teu palmito, negra sina! desfolhou em vez de rosas os ramos de cipreste no leito do noivado. (R. da Silva.) || Ameaçador, medonho: Negras vagas se encapelam. (Gonç. Dias.) || Adverso, inimigo, funesto: Debalde negro fado cobriu meus dias de fortuna escura. ( Tolentino. ) Maldito, condenado: Já negra e moura a alma tinha quando eu lhe entrei no corpo. (Garrett.) Os negros monges - negros sejam eles! (Idem.) || Pervertido, execrável: Rancor de feras que em almas negras negro e vil impera. (Garrett.) || Horrendo, pavoroso: Antes a negra morte. (Castilho.) || Odioso, nefando, execrável: Máximo, general dos seus exércitos nas Gálias, arrancou-lhe a vida com a mais negra perfídia. (Montalverne.) Amir nestas negras tramas tenho-te servido lealmente. (Herc.) || Pão negro 1. pão de farinha grosseira e mal fabricado: Eu a arranjar-lhe o pão... o pão, à própria o digo, pão negro sem conduto. ( Castilho. ) || Pão negro 1. (fig.), frugalidade; vida modesta, parca: Se o pão negro dá valentes, que o digam da Europa as gentes aos pés dos normandos teus. (Castilho.) || Pão negro 1. (fig.), sustento ganho com muito trabalho e sacrifício: Lançaram-me fora de casa para mendigar o pão negro da esmola. (R. da Silva.) || Ponto negro 1. pequena nuvem prenunciativa de temporal; (fig.) previsão de infortúnio ou calamidade impendente; mancha escura; (fig.) fato culpável ou criminoso na vida de alguém. || Uma unha negra (fig:), um curto espaço ou intervalo: Pedi-lo e tê-lo tudo foi um; já lhe ouço a roedura; não tarda uma unha negra. (R. da Silva.) || Descrever com negras cores o caráter de alguém, representá-lo ruim, desprezível, execrando. || Ver tudo negro, ter tristes pressentimentos, desconsoladoras previsões. || V. negra-mole, negro de espanha, negro de fumo, negro de ferro, negro de gás, negro de lâmpada, negro de marfim, negro-dos-bosques. || -, s. m. homem de raça negra, preto: És como os cães esfaimados, que, comendo os troncos quentes por destro negro esfolados, levam nos ávidos dentes os ossos ensanguentados. (Tolentino.) || Escravo. || (Poét.) Escuridão, trevas: o negro da noite. || Negrinha (ave). || Trabalhar como um negro ou ser um negro de trabalho, mourejar, trabalhar excessivamente. || Meu negro 1. (Bras.) tratamento carinhoso, familiar, equivalente a meu bem.
F. lat. Niger.
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